quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

sábado, 6 de dezembro de 2008

ESTA É A VIDA MARIO...


O vento tudo leva, a chuva também, e o tempo tudo apaga. Aos poucos. Eu poderia esquecer de tudo à minha volta, ao alcance de minhas mãos e do que está diante dos meus olhos. Mas aquilo que me trouxe até aqui, continuaria dentro de mim: o amor com que escrevo... cada palavra, cada linha, cada frase, a mais verdadeira possível. Portanto, se eu desistir, estarei apenas arrancando uma página. Mais uma. Não será a última.

domingo, 23 de novembro de 2008

VENTOS ALÍSIOS

Não querer muito, mas o necessário

Não almejar o distante, quando é possível alcançar o que está próximo

Admirar a chuva, mesmo sem entender o fenômeno, assim como se agradece a Deus pelo milagre

Por que abraçar o mundo, se ao abraçar o semelhante, nos sentimos em paz e felizes

Ser o primeiro? Onde? Em qual direção? Se o mundo é redondo, a vida infinita e nós todos aprendizes

Como alçar vôo? Se mal sabemos caminhar

Humildade não é assumir a derrota ou a incapacidade, mas saber equilibrar-se sobre a ponte pencil que é a vida humana

E aguardar o momento em que tudo conspira a favor, pois, assim é o momento de nascer, de viver e de morrer

E se viver é um momento em que tudo conspira a favor, então sintonize com Deus, a força maior, amável e amiga, que nos fez, que nos sustenta, e que nos ensina, a cada dia, a cada instante, o caminho para sermos felizes

O que nos falta senão atitude, o primeiro passo, pois a chama que ilumina já está acesa, desde o primeiro instante, dentro de nós.

sábado, 15 de novembro de 2008

O SR. OSPRÓS e O SR. OSCONTRAS


Eram dois irmãos, geniais e rivais, com pensamentos, atitudes e convicções completamente opostos. E é tudo o que sei a respeito de ambos.

Gosto de brincar com as palavras. Se comparado ao que já fui (conforme a cigana), melhorei não resta a menor dúvida. Ao menos trapaceio com as palavras. Veja, para enxergarmos as coisas e os acontecimentos sob todos os ângulos, basta elevarmos a consciência até o topo da montanha que é nossas vidas. Então, será menos difícil aceitar que a tristeza de um é a felicidade de outro como normalmente acontecia, suponho, com o Sr. Osprós e seu mui digno irmão o Sr. Oscontras. Um exemplo clássico para ilustrar a dissertativa: Quem mais, além da sogra rabugenta, ficaria satisfeito com o desencarne do cidadão? Eis a lista: o médico que assina o atestado de óbito, o agente funerário, a empresa que construiu e vendeu o caixão, onde repousarão os ossos do extinto, a floricultura, e se o cara for bom de bolso, o alfaiate, o maquiador, e o cabeleireiro, os credores que já desistiram de cobrá-lo...

Outro exemplo menos mórbido: seu espelho quebrou; sete anos de azar. Pra você. Pro vidraceiro, 50 paus no caixa.

Os buracos nas ruas e avenidas fazem o prefeito perder a eleição. Mas ajuda a manter o emprego de dezenas de operários.

Bancários em greve? Isto não é problema, é solução, porque aumenta o movimento das casas lotéricas e seus proprietários, que vivem reclamando da vida já não terão do que reclamar, ao menos por algumas semanas.

Imagine se ninguém ficasse doente. Seria ótimo, não ? Vivo pedindo isso a Deus. Mas quando peço, não me lembro dos médicos, enfermeiros, farmacêuticos. Porque a minha, a nossa doença, Deus nos livre, é a saúde do bolso deles.

Marca-se um gol. Vibra o estádio lotado de torcedores. Só a metade. A outra chora, lamenta, enrola as bandeiras, e enfia a corneta... opa!

Lao Tsé, sempre ele, disse, bem antes de Cristo, que, "forte é quem vence suas más inclinações". Que não saibam disso os policiais, os advogados, os magistrados, os carcereiros, e até os psicólogos e psquiatras.

Não por acaso nós temos dois olhos, duas narinas, dois ouvidos, duas mãos e dois pés, sobre os quais nos apoiamos pra caminharmos neste mundo, embora, muitos - dentre os quais, este autor - gostaria mesmo era de ter asas para voar bem longe e quem sabe não voltar.

Ah, ia me esquecendo. Temos ainda o que nos diferencia das demais espécies animais: a mente, para pensar de maneira continuada. O que nem sempre significa grande coisa.

O que quero dizer, sabe, eu me enrolo com as palavras, vez em quando, é que embora eu e você sejamos animais, não precisamos plantar bananeira feito macaco para termos uma visão, digamos, 360 graus da vida.

Apesar das intempéries, as nuvens se dissipam e o sol volta a brilhar. Também sou poeta. Não riam, por favor.

Como diziam os irmãos Osprós e Oscontras, nisso pelo menos eles concordavam, no teatro da vida não há vencedores e vencidos, há peregrinos aprendizes a caminhar por uma infinita estrada à qual o Sujeito, o dono do pedaço lá em cima, pôs o nome de eternidade.

O equilíbrio, a harmonia, a evolução constante é a marca deste mundo. E quando pudermos aceitar isto, sem medo, sem preconceito, sem egoísmo, não teremos dificuldade em praticarmos a fraternidade, nos reconheceremos iguais uns aos outros, seremos livres. E felizes.

Seguirei o conselho dos irmãos Osprós e Oscontras, e direi: Adeus Schopenhauer, você está agora há sete palmos da minha consciência.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

VOLTAIRE DESPERTA


Não te acredite imune às tentações, porque até Jesus foi tentado

E se caíres, não te sintas diminuído, porque a vida não termina no instante da queda, ela continua já no momento seguinte, e se tu vives podes levantar-te, basta querer

Não busqueis a perfeição

Mas o acerto em tuas ações, porque tu és aprendiz

A água que lava as impurezas é a mesma que afoga, e que, parada, apodrece, e pode causar doenças

As potencialidades existem e são acessíveis a todos

Há quem transforme metal em moeda, e outros, em espada

Transformar idéias e ações em virtudes só depende da tua vontade

O ouro que hoje brilha diante dos teus olhos, durante muito tempo esteve coberto de lama

As palavras são sempre as mesmas, o sentido, depende da intenção do autor

Pense nisso, e não desista nunca. Um livro de mil páginas começou com a primeira de muitas letras

Também há vida nas trevas, mas a vida só é bonita sob a luz

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

OS LADOS DA MOEDA


O pessimista, cansado, vai dormir às 10 da noite
O otimista não se importa de ficar acordado até às 6 da manhã, para aprimorar o seu trabalho

O culpado foge do espelho
O inocente sorri para todos

O anjo caminha lado a lado
O demônio segue adiante e não olha para trás senão para admirar a distância já conquistada em relação ao próximo

Dinheiro é sonho realizado
Mas sonho realizado nem sempre é dinheiro, às vezes é um gesto de carinho, outras vezes é apenas uma frase minúscula de sete letras e três palavras; advinhe qual?

Dificuldade é a lição do momento
A fé o alimento
E a vida, oportunidade

Vitória é desejo de todos
Mas na derrota é que se aprende
Porque se o desejo é sentimento que a satisfação arrebata
O aprendizado é tesouro imperecível que jamais se perde

Se o autor é Deus
Relaxe
Nós, somos intérpretes

E se Deus é o patrão, o pai, o cara
Nós, somos felizes, porque no palco da vida, há espetáculo todos os dias
Enfim vivemos
Embora há quem considere isso pouco
Tolo. Ele não sabe o que está perdendo

domingo, 7 de setembro de 2008

FINISH MIND


A vida é um acerto de contas com o ontem. Quase sempre acaba numa vingança. E, geralmente, somos nós que tombamos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ALAMEDA DOS POETAS


MANDE LEMBRANÇAS PARA MAXWELL



Sou um velho de 70 anos. Por que estou dizendo isto? Porque é assim que as pessoas me vêem. Embora eu não me sinta como tal.
Lembro-me que tenho uma aparência desgastada pelo tempo, apenas quando me olho no espelho. Aí sim, vejo aquelas manchinhas na pele – quase imperceptíveis, é verdade, mas que existem -, vejo bolsinhas abaixo dos olhos, rugas na testa, alguma flacidez nas faces e no pescoço. Os cabelos são ralos e brancos, assim como a barba de três dias.
Nesse momento, estou na varanda de minha casa, sentado à mesa do café da manhã, posta com o esmero e o capricho de sempre por Consuelo, a dedicada doméstica que me presta os seus serviços há mais de vinte anos.
Todas as manhãs, ela me serve o café na varanda, e me traz os jornais. Ela diz que faz bem para a minha saúde contemplar a natureza, ou seja: o pequeno jardim de minha casa que tem o nome de minha mãe: Isadora.
Eu poderia saber das notícias do dia pela Internet, confesso, porém, que até hoje, não me habituei a essa, digamos, comodidade.
Olho de repente para o lado e eis que deparo com a agradável presença de Mirtus, o único amigo que me resta. Ele se aproxima, com aquele seu andar insolente, os olhos sempre voltados para o chão e as mãos escondidas nos bolsos da calça. Louvo a Deus, todos os dias, pelo fato de Mirtus pertencer à espécie humana, porque, na realidade, um homem compreende que seu fim está próximo, quando percebe que seu único amigo é um animal.
Mirtus, de fato, é um amigo. E um amigo de longa data. Professor de Geografia, aposentado. Era para se chamar, na verdade, Milton. Mas teve que pagar pelo pecado de se chamar Mirtus, a vida inteira, por causa da pronúncia errada de seu pai, um ex-lavrador.
Mirtus e eu estudamos juntos e, enquanto adolescentes, sonhamos juntos, vibramos, vencemos e perdemos, sempre juntos. E, enquanto jovens, rimos e choramos, do mesmo modo. E finalmente... Bem, não houve finalmente.
Depois, cada um foi para o seu lado, e a vida nos colocou novamente juntos, depois de um longo, longo tempo. Não sei porque, mas eu já suspeitava que seria assim. Talvez, devido o meu dom de atrair encrenca para o meu lado.
Há alguns meses, nenhuma tentadora estória povoa a minha mente, impelindo-me a colocá-la no papel. Acho, como diria Hemingway, que “não funciona mais”.
Dia desses, Mirtus e eu, listamos nossas referências de vida, e percebemos que todos já se foram. Sortudos. Jorge Amado, Darci Ribeiro, Vilas Boas, Glauber, Tom, Vinicius, Graciliano, Érico... De maneira que ficamos como que órfãos.
Daqui a pouco vou me levantar para tratar dos periquitos australianos, ouvindo Mirtus me questionar pela milionésima vez por que não os solto.
Ele não entenderia, certamente, se eu lhe dissesse que, da convivência com os pássaros tiro um pouco do entusiasmo que me resta para viver; e outro pouco tiro dos livros da minha biblioteca; e finalmente, dos textos inacabados, os romances que acabam virando contos de quinta categoria, não me eximindo de um esforço, às vezes, desumano, por torná-los ao menos aceitáveis a um leitor menos exigente, que busca apenas entretenimento. Afinal, para que serve a literatura?
Eu me distanciei dos meus irmãos, por opção. Michele, minha filha, depois que se formou, casou-se com o primeiro bonitão bom de papo e de carteira cheia que encontrou. Três vezes, durante o ano, ela vem me visitar. Dez de fevereiro, segundo domingo de agosto, e 25 de dezembro. A primeira data, a do meu aniversário; as demais, por força da tradição. Eu a compreendo. Convivência, pouco tivemos. Mas, desde que me separei de sua mãe, nunca senti Michele tão distante de mim. Carmem, sua mãe, hoje uma senhora enxuta, de 59 anos, vive muito bem, obrigado, com o seu segundo marido. Às vezes nos falamos ao telefone. Antigamente, com muito mais freqüência. Michele era criança, depois adolescente; depois, jovem sonhadora; hoje, uma mulher formada, amadurecida, mãe e esposa. Por isso, eu e Carmem, apenas nos falamos, quando ela se sente só e quando quer reclamar do marido ciumento. Adoro quando ela diz: “Querido, você não era assim!”.
Muito bem, naquela manhã primaveril, estava eu lendo o jornal, enquanto, pacientemente, ouvia o meu bom, fiel e dedicado amigo, Mirtus, narrar mais um dos seus grandes e eloqüentes sonhos, momento em que, uma bola, vinda da rua, caiu no jardim de minha casa, exatamente sobre a roseira que eu mais estimava.
Não tardou para alguém tocar a campainha. Mais do que depressa Consuelo se dignou atender. Mas eu a impedi, dizendo que eu mesmo o faria. Com a bola na mão, dirigi-me ao portão de casa, acreditando ser o dono do mundo e da verdade.
“O senhor, poderia, por favor, devolver-me a bola?”. – disse o garoto, que, para os meus olhos, era exatamente eu, quando tinha 11 anos.
Após fazê-lo, voltei para dentro, e Mirtus, vendo meus olhos marejados, disse:
“Certa ocasião, você me falou que não poderíamos viver aos 34 anos, como vivíamos aos 14”.
“Muito menos aos 70 – respondi – É o que quer dizer, não?... Pois então diga com estas palavras. Não utilize metáforas para me atingir, por favor. Seja duro, sim? E realista, como eu. Isso nos poupa tempo”.
“Tempo? Por que haveríamos de preservar o pouco tempo que ainda temos?”.
“Se você se dá por satisfeito, meu bom amigo, meta uma bala na cabeça. E o faça logo. Não espere ficar canceroso ou esclerosado para fazê-lo”. – respondi.
“Ocorre que não me dou por satisfeito”.
“Ótimo. Vá jogar futebol, então”.
“Mas o que há com você, ultimamente?”. – indagou Mirtus.
“O de sempre. Não aceito não ser mais jovem. E esteja certo: Pra quem imaginava viver 30 e poucos anos, como eu, 70 e tantos, é praticamente o dobro”.
“Então...?”.
“É detestável, simplesmente isso. E se torna ainda mais quando me olho no espelho. Ou quando pego minha agenda e vejo anotado: Segunda, consulta com Dr. Urologista; terça, com Dr. Diabetes. Lista interminável de remédios. Dietas, um horror. Não se pode comer nada”.
“Não escreve mais?”. – disse ele, tentando mudar o rumo da conversa, sua especialidade.
“Não. A literatura me abandonou. Porque sabe que nada mais eu posso oferecê-la. É uma megera, essa fulana. Uma interesseira, isto sim”.
“Por que não se dedica a um serviço voluntário, como eu?”. – ele sugeriu.
“Porque não sou hipócrita, como você”.
“Faça ginástica, então, uma vez por semana”.
Meu silêncio e meu olhar furioso lhe serviram como resposta.
“Você precisa é de um plano funerário”.
“Eu já o tenho”. – respondi.
“Muito bem. Temos aqui um rapaz sensato que planeja o seu futuro. Meus parabéns, meu jovem escritor. Daqui alguns anos, sim, você estará sofrendo de circulação, LER, enfisema, e pancreatite, talvez. Então, de fato, precisará de um bom plano de saúde. E também, um plano funerário, que permita aos seus familiares e amigos, se livrarem de você com toda a rapidez e dignidade”.
E levantou-se.
“Aonde vai?”. – indaguei.
“Estou indo embora. São pouco mais de 9 horas, e já estou intoxicado de ouvir tanta besteira. Estou farto disso”.
“Ótimo. Poupe seu tempo. Não venha mais aqui”.
“Sim, é o que farei”.
“Mande lembranças para Maxwell (era o seu pastor alemão)”.
E ele, ainda que de costas para mim, fez o seu habitual gesto com o dedo médio.
Esperei que Mirtus fosse realmente embora, e também me levantei.
Passei todo aquele dia trancado no meu quarto, às escuras, deitado na cama ouvindo Chopin, Mahler, Morricone, Debussy e Tchaicowsky. Não conseguiria ouvir Mozart.
Por volta de 6 da tarde, a dedicada Consuelo veio avisar-me que a mesa do jantar estava posta. Agradeci, e disse que logo iria. Mas não fui. Passei o resto daquela noite sem comer, sem beber, sem sair do quarto. Sem dizer uma única palavra. E me senti feliz por isso.
Queria que o silêncio me consumisse. Acreditava que poderia mesmo fazê-lo. Mas logo percebi que, ao contrário do que eu desejava, estava mais vivo do que nunca. Então, apanhei o telefone e disquei um número.
“Hei, gatinha, que tal darmos uma volta?”.
“Eu adoraria”. – respondeu Carmem, do outro lado da linha.
(Conto integrante da Antologia de 2005 – Prêmio Literário Nacional João Simões Lopes Neto – EDUCAT – Editora da Universidade Católica de Pelotas/RS)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

FINISH MIND


Você reconhece que é um medíocre, quando percebe que o melhor que tem a fazer é esperar que o tempo passe.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

quinta-feira, 31 de julho de 2008

FINISH MIND


No palco da vida, interpretamos todos os personagens. E mais, há espetáculo todos os dias.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

FINISH MIND


Sonhar é bom em qualquer época da vida. A diferença é que aos 20 anos o sonho é recheado de esperança.

FINISH MIND



Se a vida humana fosse tão boa, não seria feita pra durar tão pouco

sexta-feira, 18 de julho de 2008

LIFE

Naquela rua, o asfalto molhado
Naquela noite, o brilho do teu olhar
E nele uma verdade
Trôpego, você caminhou
Para junto de mim
Sem afastar os olhos dos meus
E a chuva escorrendo por teu rosto
Misturando-se com lágrimas perdidas no chão
Mas ainda assim você caminhou
Acreditando que eu pudesse de novo
Aprisionar a vida dentro de você
Mas ela escapou de minhas mãos
Se foi, abandonando-me simplesmente
E você, olhando nos meus olhos como sempre
Esperando que eu lhe dissesse
Desejando que eu lhe pedisse
Continuou caminhando
Sem tirar os olhos de mim
Trôpego, leve como pluma, pisado como borboleta
Foi se perdendo, caindo ao chão
Implorando que meus braços o acolhessem
No seu último instante você quis
Acreditar que eu podia ser a vida que lhe deixava
Acreditar que junto de mim
Finalmente você pudesse
Abandonar o Inferno
E saltar sem medo
Como um pássaro no seu primeiro vôo
Saltar
Para os braços do amor

FINISH MIND


Um autor realiza sua obra na solitude. Só ele conhece o seu caminho, e onde o levará. Sabe como se sentar à mesa com seus demônios, e ouvir os seus anjos ao anoitecer.

FINISH MIND


Cristo morreu na cruz para provar a todos nós que não há vitória possível neste mundo sem dor e sofrimento.

terça-feira, 15 de julho de 2008

NEW ORDER

Pertenço à legião que vem para recolher e soterrar no vale das sombras os cadáveres insepultos que a estupidez humana produziu. Ainda vamos arar a terra, outros plantarão a semente. Outros, ainda, colherão os frutos. E estes já nascem entre nós. "Os últimos serão os primeiros". Nós, da legião à qual pertenço, que não tememos a morte, porque nela vivemos, somos infantaria, os primeiros a serem atingidos, para que o caminho seja aberto. Esse desprendimento, esse desapego à vida, é que nós faz percorrer no escuro e acompanhar o vento; é que nós faz ressurgir das cinzas, porque, no íntimo, compreendemos e aceitamos, que espíritos não é o que temos, é o que somos e, portanto, somos eternos.

domingo, 13 de julho de 2008

sábado, 12 de julho de 2008

FINISH MIND




Era como início de um dia de verão. Termina como princípio de uma noite de inverno. Beco sem saída, asfalto molhado, luz na calçada, o escuro dentro de mim. Vento que leva, esperança perdida. Caminho sem volta. Minha vida.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

quinta-feira, 10 de julho de 2008

quarta-feira, 9 de julho de 2008

FINISH MIND


Lágrimas nascidas do coração, dores que se acredite eternas, risos efêmeros, dissipados pela fúria do tempo. Tudo o que vivestes até hoje foram experiências para o seu apromiramento espiritual. A luta começa agora.

terça-feira, 8 de julho de 2008

domingo, 6 de julho de 2008

CERIMÔNIA (1)


O que poderíamos fazer de melhor que não fosse passar o dia todo encostado no muro da velha fábrica desativada. Ouvindo o canto às vezes irritante, e às vezes poético, das gralhas que pousavam na praia não muito distante dali.
Esperamos inutilmente pelos turistas que não vieram naquele verão, como nossas mães, cheias de esperança e boa vontade nos havia prometido.
Em um mês voltaríamos para a escola. Para quê? Era pergunta que todos nos fazíamos.
Dois anos que a madeireira havia fechado. Três que o velho Emilio fizera a barba de seu último freguês. Quatro que os caminhões não chegavam buzinando no mercado de Thomas. E cinco, que os homens sobreviventes de Riviera Bela viram um traseiro bonito.
Éramos seis. Mas não éramos personagens de romance. Não como muitas vezes gostaríamos de ser. Éramos de carne e osso. Muito mais osso, sem dúvida.
Aquele era um mês de chuva. Fred sugeriu que, como nossos antepassados, fossemos pescar sardinhas em alto-mar.
E barco? – não me lembro até hoje quem teve a infeliz idéia.
Vamos eleger um novo prefeito no final do ano, e então, tudo vai melhorar.
Um ano atrás, e cheios de entusiasmo aguardávamos a chegada do novo padre.
E resolveu o quê?
Pois é.
Mas acontece que padres não são como os índios que fazem chover.
E quem disse que os índios fazem chover?
Os livros.
Ótimo. Num deles está escrito que onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome eu lá estarei.
Devemos então rezar.
Fazemos isso todos os dias.
A culpa é do padre. Ele não pede por nós como deveria.
Como assim?
O pastor pede com mais entusiasmo.
Grande coisa isso. Continua chovendo, faltando emprego e comida na mesa do mesmo jeito. E já faz muitos anos.
Padre Firmino cruza a auto-estrada com seu carrão todos os dias para almoçar no Provenzanno.
E pastor Isaías celebra os cultos sempre com um terno diferente.
E sapatos também.
E de cromo alemão.
Se nós vivemos nessa merda é porque não merecemos coisa melhor. Tudo é merecimento. Se você planta coisas boas vai colher coisas boas. E assim se dá com as más.
Quem disse?
O livro.
Aquele?
Ora, então vamos comer livros. Rico em vitamina A.
Como assim?
A de ácaros.
A chuva apertou. Mas não arredamos o pé.
Longe, um cortejo vindo em nossa direção. Quando passou por nós, tomou a rua do Porto, mas antes, bem antes era o seu destino. Lá, os portões já estavam abertos, as terras removidas, e o buraco feito, para receber a sete palmos de suas entranhas o caixão de carvalho onde toda a maldade daquele esquecido e medíocre lugarejo seria consumida pelos vermes, graças a Deus.
Morreu fedendo, segundo dizem.
Todos morrem fedendo.
E todos nascem chorando.
Sim.
É a vida.
E é bom que não seja de outra forma. No fim das contas, ela iguala a todos.
Devemos ir até lá.
Pra quê?
Nos despedirmos.
Daquela peste? Vá você.
Sim. Acho que é o que vou fazer. Certa feita, meu pai estava desempregado, e ele pagou o aluguel para nós.
Ele era o Juiz.
Mas pagou.
Daquela vez. E das outras? Você não conta? As vezes que ele mandou despejar nossas famílias?
Estávamos atrasados com os aluguéis.
Você diz nossos pais?
Dá no mesmo.
Engana-se. Eu ia vender amendoins, e aquele boçal, que anos chamei de pai, ia para o bar. E a cada final de tarde, ele voltava, disposto a surrar a mim, meus irmãos e minha mãe.
Mas era o seu pai. Se ele bebia, era porque tinha motivos. Um desgosto profundo, talvez, com o qual não soubesse conviver.
O desgosto da vida dele foi ter engravidado minha mãe, quando ela tinha 16 e ele 19 anos.
Justifica.
Porra nenhuma! O que foi que eu fiz pra ele me odiar tanto? Não pedi pra nascer.
Você se engana. Todos pedem pra nascer.
Ah, você andou bebendo também?
Andei lendo.
Sempre os livros, não?
São melhores que as bebidas, eu garanto.
Prefiro música. Som! Entendeu, cara? Da pesada! Aquela coisa que entra pelo estomago, se espalha pelo peito e sobe para a cabeça. Aquela coisa... Delirante! Como é que eu vou explicar? Ora, eu sei lá!
Como o quê?
Andei fuçando na lan house, dia desses. Aquele site maluco que passa os filminhos.
Sei.
Como chama aquela merda?
Tubo.
Pois é.
E daí?
Meu! Fucei umas bandas, que já não existem. Cada som ! Você não acredita! Os caras tocavam aquelas músicas, e era algo diferente. Tudo fazia sentido! É como se no palco, eles se transformassem e transformassem tudo à sua volta... Porra, eles faziam o caralho do som! Algo legal de se ouvir. Baixão, guitarra, batera, teclado e vocal. E tudo escuro. Então, havia momentos em que a platéia parecia entorpecida, viajando em delírios mas, de repente, algumas luzes... Azuis, verdes... luzes que se projetavam de cima a baixo, cruzando os ares em rodopios. Fumaça. Luzes... Som. Era algo muito louco. Bom demais.
Cara você anda metido na maldita pedra, não anda?
Não!
Como não? Farinha, e de péssima qualidade, é isso?
Vê se não enche. Eu preciso arrumar dois reais pra ficar mais duas horas na lan house. E ver e ouvir tudo aquilo de novo.
Vá tocar guitarra, seu desgraçado, vá escrever suas músicas. E se você disser, que vai convidar a Taís pra dar uma volta sou capaz de vender o meu tênis e lhe arrumar dez reais pra um cineminha.
Você não entende, cara? Você não entende? Alguma coisa está acontecendo! Algo está mudando! E está acontecendo sem que ninguém perceba. E quando isto se der, talvez seja tarde.
Todos olharam para Fred, como se o levassem a sério. Mas não por muito tempo.
Era 6 horas quando chegamos à praia. Havia chovido. E os últimos raios de sol daquele dia davam adeus.
Deixei que meus amigos seguissem em frente, e fiquei olhando para a imensidão do mar. Quando criança, eu sonhava que aquela imensidão me levaria a um destino glorioso. Aos 16, eu só queria ser tragado em espírito por aquela imensidão. Para que as aves de rapina, pela manhã, se saciassem de meu corpo. Nada mais.
Os amigos seguiram caminhando. Longe. Ora correndo, rompendo as ondas, com chutes e murros, rindo, cantando alguns, outros dizendo coisas que, das pedras onde me encontrava, na orla da praia, eu sequer podia entender. E ia caindo a noite. E os holofotes acendendo aos poucos.
Sensação comum naqueles dias, os meus amigos cada vez mais distantes de mim. Não sentiriam minha falta.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

AOS 19...


Nesta data, há 19 anos, eu perdia a convivência sempre agradável do amigo que jamais, em nenhum momento ou circunstância, me faltara. Hoje, nos falamos através do pensamento, e até hoje, ele era o único a saber que foram naqueles dias de nossa convivência que, o cidadão G.J.C.Jr., deu lugar ao escritor J. Costa Jr. Muito do escrevi vem daquele tempo, em que éramos apenas adolescentes e jovens que acreditavam no amanhã. Em memória de G. Saudades.