quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
TRANSMISSÃO
Esqueça que você é um merda
O quanto você é ruim
E todos os seus defeitos
Esqueça a máscara
Dentro da gaveta
Faça que ela se perca
Dentro do bueiro
Da rua esburacada
Do bairro maldito
Em que você mora
Exponha sua maldade
Com toda intensidade
E da melhor maneira
A mais interessante
E inteligente
Que um pedaço de papel
E um lápis
Possa conceber
Esqueça a poesia
De uma existência pretendida
E faça um poema
Com tuas lágrimas e
Tuas dores
Faça do seu medo
Um conto de Poe
E da sua revolta
Um verso
De Maiakovski
A arte existe
Pra dobrar espíritos rebeldes
Que conhecem a realidade
E por isso a repudiam
Não há vida impune
Sentimento sem dor
Razão sem medo
Porque de duas uma:
Ou se é demônio com a arte
E se destrói a si mesmo
Para que outros façam
Da sua carne alimento
E do seu espírito resposta
Para o que não podem crer e
Suportar
Ou se é anjo
Que crê conhecer
Aquém do portão
Que leva ao caminho
De sombra e de luz
Que não tem retorno
Porque o destino
Não conhece o ontem.
E cada escolha
Será o prêmio
De consolação
domingo, 7 de fevereiro de 2010
LÉGUAS
Eu me arrependo de tudo isso
De cada palavra escrita
Cada pensamento buscado
Cada mágoa sentida
Cada dor vista e encontrada
No caminho de outro
E dentro de mim
Renego tudo o que fiz
E escrevi
Passaria mil anos
Açoitando-me
Se este castigo
Livrasse-me desse peso
De arrependimento
E tristeza
Porque nunca fui feliz
Empunhando um lápis
E escrevendo
Eu me arrependo
E me culpo
Se esta vida escolhi
E ficaria feliz
Ao menos por um instante
Se soubesse que
Que outro caminho existe
O qual eu pudesse seguir
Porque toda essa minha dor
Faz-me perder os sentidos
E me arrasta por uma estrada
Deserta, de chão batido, esburacada
Que esfola meu corpo
E me liberta
Eu queria ser feliz
Como já fui
Longe destas pessoas que ignoro
E deste chão que repudio
Lisboa, Paris, Florença, Atenas
Cairo, Havana, Pamplona
Qualquer lugar
Menos este
Arrependo-me
Por ter acreditado em poesia
E nas ilusões que um coração
Pode trazer em forma de sentimentos
Deixo lápis e papel sobre a mesa
Atravesso a rua
Além-mar
É para onde vou
Viver com as ondas
Dormir com os pássaros
Até que o vento
Leve-me
Longe
E para sempre
De cada palavra escrita
Cada pensamento buscado
Cada mágoa sentida
Cada dor vista e encontrada
No caminho de outro
E dentro de mim
Renego tudo o que fiz
E escrevi
Passaria mil anos
Açoitando-me
Se este castigo
Livrasse-me desse peso
De arrependimento
E tristeza
Porque nunca fui feliz
Empunhando um lápis
E escrevendo
Eu me arrependo
E me culpo
Se esta vida escolhi
E ficaria feliz
Ao menos por um instante
Se soubesse que
Que outro caminho existe
O qual eu pudesse seguir
Porque toda essa minha dor
Faz-me perder os sentidos
E me arrasta por uma estrada
Deserta, de chão batido, esburacada
Que esfola meu corpo
E me liberta
Eu queria ser feliz
Como já fui
Longe destas pessoas que ignoro
E deste chão que repudio
Lisboa, Paris, Florença, Atenas
Cairo, Havana, Pamplona
Qualquer lugar
Menos este
Arrependo-me
Por ter acreditado em poesia
E nas ilusões que um coração
Pode trazer em forma de sentimentos
Deixo lápis e papel sobre a mesa
Atravesso a rua
Além-mar
É para onde vou
Viver com as ondas
Dormir com os pássaros
Até que o vento
Leve-me
Longe
E para sempre
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