terça-feira, 29 de dezembro de 2009

CALENDÁRIO


Quantos tantos outros já houve

Anos

Quantos ainda virão

Dias

Escondidos no esquecimento estão

Os que foram

Onde estarão

Os que vêm

Chegarão de ônibus

Ou de trem

De camelos

Eles vêm

Dias

E anos

Tempo

Que se vai

Que se vem

Quem?

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

BOM DIA, MEDO


Eu poderia começar diferente
É Natal, o momento é propício
Falar de esperança e certeza
De alegria e sonhos
Mas o que isso tem a ver?
O que tem a ver comigo?
Se ele me persegue
Onde quer que eu vá
Se ao amanhecer
Eu caminho
Pela estrada deserta
Ele está ao meu lado
É o abismo
Que aos poucos se agiganta
Dentro de mim como
Monstro insaciável
É o escuro dos meus olhos
A sufocar a noite
O gelo do meu coração
Medo
Sem nome, sem rosto
Sem motivo
Acompanhado de sua dama
A solidão
Ele me faz ver
Tudo o que não tenho
Tudo o que não sou
E aponta-me o caminho
E mostra-me o tempo
Dentro de um arco Iris
Por onde me convenceu um dia
Eu pudesse seguir
Medo
Ancião de barbas e cabelos longos
Coberto de andrajos
Feridas expostas
Pés descalços
Olhar compenetrado
Um vulto na janela do quarto
A me olhar quando eu era criança
Imagem no espelho
Que eu encontrava na juventude
Todas as manhãs, todas as noites
Medo
Sem rosto, sem nome, sem motivo
A me seduzir, dia após dia
Noite adentro
Talvez me ame
E não viva sem mim