Todo aquele que escreve é um apaixonado.
Afinal, por que dar o melhor de si a quem jamais irá conhecê-lo
Por que desnudar-se para olhos alheios, possessos de cobiça
Que o desejam para se apoderarem do seu melhor sentimento
E sua única vontade, pra depois, de usá-lo, jogá-lo
No quintal imundo de uma consciência perdida
Por que imaginar que os olhos que te lêem
Querem entendê-lo, e assim, apaziguar
O tormento que carregas dentro de ti
Que te consome a cada instante
Em forma de palavras
Escritas
Malditas
Por quê?
Por que passar os dias a viver para os outros
E conceber um sonho que vai deixá-lo
Assim que abrires os olhos
Para o instante seguinte
Quando deitar o lápis
Querendo descansar
Imaginando-se convicto
Que cumpristes a missão
Quem és tu?
Pensas que és Deus?
E que todos aqueles olhos que te lêem
Acreditam nisto?
És um jardineiro!
Que sem plantas a cuidar
Sem flores a sorrir
Percorre a lembrança dos lírios e das gérberas,
Das orquídeas e violetas
E deixa-se sentar no gramado úmido
Num final de tarde como este
Esperando o pôr do sol
Que não demora a vir
O último