segunda-feira, 17 de agosto de 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

SOMENTE PARA OS SEUS OLHOS


Você nunca pode olhar nos meus olhos. Nunca pode tocar minhas mãos. Nunca pode aquecer com o seu corpo o frio perene de minh’alma. Mas você desperta comigo a cada manhã, passa comigo as horas dos dias que jamais passam. Enxuga minha lágrima que escondo de todos no canto de uma parede, no escuro de um bar. Toma minha descrença e a transforma em esperança cada vez que me chama pra uma conversa a sós. E eu nunca pude olhar nos seus olhos. Nunca pude descrever a emoção que sinto, cada vez que você, longe, me diz “Oi”. Nem a dor que me causa toda vez que você se vai.
Eu esperei durante muito tempo em minha vida pelas palavras que hoje você me diz. E você nunca olhou nos meus olhos. Mas no meu coração você já está. Ocupou ali um lugar que agora é todo seu e somente seu. Escritor é tudo assim, mesmo, tipo besta que se faz de forte, mas que se desmancha ao menor carinho, à menor demonstração de afeto que recebe.
Deus como eu queria encher mil páginas pra lhe dizer o que sinto neste momento. Mas as palavras fogem de pessoas como eu, que se acostumou a usá-las para provocar a mente e atingir o coração alheio na vã esperança de acrescentar reflexão e atitude na vida das pessoas. Quiça um instante de lazer e divertimento.
Eu não sei até onde vou. Não sei o quanto ainda posso. Não sei se as águas do reservatório da energia que movimenta a minha mente e me faz escrever estão por terminar. Não sei se tenho 6 anos, 6 meses, 6 dias. O remédio da revolta não faz mais efeito. Algo me diz que sim. Mas, à humanidade vou deixar escrito, e talvez seja a última coisa que o faça. Direi a todos que a única coisa de bom que a literatura me proporcionou nesta vida foi ter conhecido você... Adriana.
E talvez, para um sujeito como eu, isso seja o bastante. Seja tudo o que nesta vida eu possa conseguir.
Mas se for, tenha a certeza que estas palavras são: Somente para os seus olhos. Somente para os seus.